domingo, 26 de outubro de 2008

Cadê a Comissão dos Direitos Humanos?

De: Alamar Régis Carvalho

Para: Sonia Araújo de Andrade

Assunto: O amor mal concebido

Sonialotus: O Amor, o mais belo sentimento humano, é confundido com paixão e com ciúme. Isto é um absurdo e é o tema do meu artigo de hoje.

Meu comentário de hoje, no Jornal Radio Fatos = Transmitido por 267 emissoras de rádios, AM e FM, de várias cidades no Brasil. Para escutar clique abaixo.

Comentário do Alamar

Quem desejar conhecer o site do Rádio Fatos, é: www.radiofatos.com.br. A sua base é em Brasília.

Resolvi colocar aqui, hoje, por escrito o comentário que fiz na Central de Rádio, pelo Jornal Rádio Fatos, em várias emissoras de rádio de todo o Brasil.

Cadê a Comissão dos Direitos Humanos?

O Brasil inteiro está horrorizado com o brutal seqüestro, seguido de morte, ocorrido em Santo André, quando o irresponsável e inconseqüente Lindemberg assassinou a jovem Eloá, simplesmente porque ela não quis ser objeto dele.

Não foi o único caso do gênero no Brasil, já que a imprensa noticiou três outros assassinatos, pelo mesmo motivo, em apenas uma semana. Sempre um animal irracional querendo fazer de um outro ser humano objeto seu, pelo desequilíbrio promovido pela terrível doença do ciúme.

O que eu quero chamar atenção das pessoas, aqui, é para um detalhezinho muito interessante:

Cadê a tal Comissão dos Direitos Humanos, com toda aquela sua bondade, para se fazer presente numa hora desta, ali ao lado da polícia, da imprensa e dos parentes, durante toda a semana de angústia das duas meninas, manifestando preocupação com os direitos humanos das garotas?

A Eloá foi assassinada e a Nayara foi ferida de uma forma que, certamente, deixará alguma cicatriz em seu rosto, além de um trauma terrível que carregará para toda a vida.

Pelo amor de Deus, cadê a tal Comissão dos Direitos Humanos? Não se registrou, um momento sequer, em que algum dos seus membros tivesse visitado os familiares das duas vítimas, que também têm direitos humanos, nem durante o período do seqüestro e nem no momento após a morte da menina.

Vocês já imaginaram se os atiradores de elite da polícia tivessem alvejado e matado o bandido?

Aí a coisa seria diferente. Com certeza eles apareceriam, morrendo de pena do coitadinho, protestando contra tudo e contra todos, chamando os policiais de violentos, recorrendo a organismos internacionais e talvez até pedindo as cabeças do comandante da Polícia Militar e do Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Estariam hoje nas páginas dos jornais e revistas, dando entrevistas para rádios e televisões com as suas bondades que só existem para proteger bandidos, praticantes dos crimes mais cruéis, covardes e hediondos.

E já apareceu advogada, em absoluto descompromisso com a autêntica Justiça, querendo que o assassino responda ao processo em liberdade!!!

É lamentável.

Ninguém, em sã consciência, pode discordar da existência de organizações criadas para defender os direitos humanos. Muito pelo contrário, deve incentivar e até se oferecer, voluntariamente, para trabalhar junto; mas quando essas organizações agem, conforme o modelo brasileiro, apenas se fazendo presentes em defesa de criminosos e assassinos, como tradicionalmente tem acontecido, é algo que merece o nosso repúdio e o mais veemente protesto, pela inversão de valores e pelo seu elevado nível de incoerência, insensatez e hipocrisia.


O amor mal concebido

Existem determinados tipos de artigos que os escritores preferem não escrever e nem as revistas e jornais gostam de publicar, porque terminam tocando em feridas de alguns leitores que, insistindo em fingir que o problema que portam não é problema, se aborrecem quando o assunto é abordado, daí a razão de quase ninguém querer escrever, porque todos querem ser sempre bonzinhos para com os leitores, não importam as conseqüências.

Acontece que, ao mesmo tempo, vários outros leitores, assim como milhões de pessoas, são vítimas das enfermidades dos que se aborrecem e, em apoio a essa grande maioria, alguém tem que escrever e chamar atenção para o problema.

A coisa é séria.

Vejamos algumas considerações iniciais:

Você já percebeu que a maioria das pessoas que fumam, diz que não têm vício nenhum, que tem o seu cigarro sob absoluto controle, que não é dominado pelo vício e que pára de fumar quando quiser? Experimente retirar a carteira de cigarros de perto e você vai ver quanto controle ele tem.

Os adolescentes quando, burramente, começam a fumar, mascaram aquela prática argumentando com o famoso “eu fumo por esporte”, para que o seu gesto fique bem bonitinho aos olhos dos outros. Tem sentido alguém vincular cigarro com esporte?

Tabagista nenhum gosta de ser considerado como tabagista. Ele se aborrece quando alguém o qualifica assim, porque quer dizer sempre que gosta de fumar um “cigarrinho”.

Alcoólatra nenhum se considera alcoólatra e não suporta que alguém o chame assim. Por mais que viva bêbado e agredindo os seus familiares pelo efeito da cachaça, nem as imagens de uma filmagem que alguém fez mostrando o seu estado ridículo, deitado na sarjeta, todo vomitado e até cachorros lambendo a sua boca, é o suficiente para ele se convencer que de fato é um alcoólatra, dominado pelo vício.

Você já deve ter ouvido esta frase: “Eu bebo socialmente”. É outra forma de mascarar, para que fique bonitinho, à vista dos outros.

Neste fingimento você vê as pessoas dizerem que vão tomar uma “cervejinha”, uma “cachacinha”, um “wiskyzinho” e todos esses “zinhos” aí, para ficar bem bonitinho e bem mascaradinho.

O alcoolismo é mascarado de todas as formas. Não sei se você já reparou, mas inventaram um novo nome para substituir o ridículo nome de “bêbado”, que é o bebum. Nomes que identificam exatamente a mesma coisa, mas que sugerem aliviar os ouvidos dos hipócritas. Se eu escrevo a palavra “bunda” em algum artigo, alguns e-mails me chegam criticando por ter utilizado palavra “vulgar”, mas se eu escrevo “bumbum” aí não tem problema nenhum. Como as pessoas adoram enganar a elas mesmas.

Neste exato momento em que escrevo este artigo, estou com a televisão ligada ao lado, na novela “a Favorita”, vejo a cena do prefeito flagrando a sem vergonha da sua mulher transando com o seu melhor amigo, quando ela lhe diz: “Eu posso explicar”.

Explicar o quê?

Aquela pessoa, aparentemente honesta (apenas aparente), quando é flagrada roubando, tem a mesma reação: “eu posso explicar”. Quando a imprensa descobre as safadezas e corrupções do político sem vergonha, na hora da entrevista na televisão o cínico vem com o mesmo “eu posso explicar”.

Como alguém pode querer explicar o que é evidente?

Tenho uma amiga, em São Paulo, que é viciadíssima no jogo, mas não suporta que alguém toque no assunto, não se considera viciada, embora entrasse em tremenda depressão quando o governo proibiu o bingo. Hoje descobriu um novo bingo, clandestino, que funciona num bairro muito distante da sua casa, gasta um dinheirão para ir e vir de táxi, acabou com todos os recursos da família e do marido, não se considera viciada e diz que joga para se divertir, fumando um cigarro atrás do outro, por esporte.

Pois é. A máscara que a sociedade insiste em manter é algo impressionante, mas que subestima a inteligência de algumas pessoas. Vivemos uma cultura de fingimentos e de “faz de conta”, onde muita gente engana a tudo e a todos, com a maior naturalidade do mundo.

Mas uma das maiores doenças do ser humano, algo terrível e lamentável, que prejudica muita gente, que é responsável por inúmeras tragédias em toda a história da humanidade e que o homem tem o cinismo de mascarar como sendo Amor, é a desgraçada doença do ciúme.

Você já deve ter ouvido esta ridícula frase: “O ciúme é o tempero do amor”.

Quanta estupidez. O ciúme é o filho da praga da paixão, e nada tem a ver com amor. Como pode alguém, em sã consciência, querer vincular algo tão terrível, danoso, violento, estúpido, insensato, agressivo e desumano, com o mais belo dos valores humanos, que é o Amor?

A mania da máscara e da maquiagem moral está presente também, em afirmativas do tipo:

- “Toda pessoa normal tem ciúmes”.

- “Duvido que exista alguém que não tenha ciúmes.”

Mentira. Estas afirmativas são absurdas, já que existem, sim, pessoas que não sofrem dessa doença, que sabem respeitar os seres humanos, que não são estúpidas ao ponto de fazerem de seres humanos objetos seus, porque não se admitem fazendo pessoas de coisas.

No meu livro, “Mulher, só é boba quem quer”, que graças a Deus eu tenho conseguido fazer muita mulher acordar, deixar de ser burra e de ser submissa, sobretudo ao machismo, eu faço uma comparação da praga da paixão, que as pessoas também insistem vincular com Amor, e faço questão de colocar aqui novamente:

Amor é honestidade, coerência, confiança, firmeza de propósitos, sinceridade, afeto, carinho, ternura, lealdade, cortesia, compreensão, indulgência, tolerância, segurança, fidelidade, solidariedade, perdão e prazer em estar juntos. No amor o principal fator que um procura no outro, para um começo de relação, é a cabeça, a afinidade de gostos, a sintonia de pensamentos, os valores morais e espirituais.

Agora veja a diferença:

Paixão é ciúme, desconfiança, apego material, fingimento, obsessão, cinismo, sentimento de posse, interesse, mentiras, falsidade, desafeto, competição, provocação, chantagem sentimental, masoquismo, intolerância, insegurança, condenações, perseguições, patrulhamento da vida do outro, jogar verde pra colher maduro e infidelidade em muitos casos. Na paixão, os principais valores que um vê no outro é a aparência física, o dinheiro, a posição social, o atendimento às suas conveniências e outros detalhezinhos, muito valorizados, como olhos bonitos, bunda grande, seios, barriga, cabelos, cor, idade, etc...

Como é que pode alguém querer dizer que paixão e amor são a mesma coisa?

A estupidez de muitas pessoas supõe que uma relação a dois, sem paixão, não tem graça e a coisa fica fria.

Mentira, conversa fiada. É uma outra forma de mascarar as coisas, porque essa conceituação é um dos maiores engodos que existem na conceituação popular.

Na relação de amor sem paixão, conseqüentemente sem ciúmes, existe todo o calor que um casal deseja e precisa, inclusive nas relações sexuais que são incomparavelmente melhores.

Veja só:

Um casal que apenas se ama, quando mantém uma relação sexual se vê num clima de festa, porque não há espaço para desconfiança, não há chantagem, não há necessidade de masoquismo, relaciona-se sorrindo e alegre, o nível de orgasmo é incomparavelmente melhor e o depois é sempre gostozíssimo, pela alegria que fica no pós relação.

Já a relação sexual do casal apenas apaixonado nunca é a mesma coisa. Em muitas vezes verifica-se masoquismo, interrupção de um para questionar se o parceiro não está pensando em outro, gemidos fortes, raramente sorrisos, relação apenas de corpos, despreocupação com as possíveis dores orgânicas e os desconfortos do outro, preocupação do homem em mostrar virilidade, (o que proporciona um índice enorme de falhas, pelos efeitos psicológicos da forçação de barra), a necessidade da mulher ter que mostrar que faz bem e uma série de outras teatralizações, já que um sempre faz de tudo para não “perder” o outro. O depois de uma relação de apaixonados nunca é igual ao de um casal que se ama, porque sempre fica aquele vazio e raramente uma boa sensação.

A abordagem deste assunto é vasta e vai muito longe.

A orientação que este assunto nos remete é a seguinte:

Para todas as pessoas, principalmente os jovens, que estão iniciando as primeiras relações de namoros, eu apelo, pelo bem dos seus futuros:

Evitem iniciar qualquer relação de namoro com pessoas ciumentas!!!!

Sei que é muito difícil controlar a tal química que surge, as chamadas paixões inesperadas, as atrações físicas e os chamados “amores à primeira vista”, que é coisa que só acontece com relação a pessoas bonitas, de físicos atraentes ou que tenham muito dinheiro.

Por acaso, você já viu um jovem rapaz manifestar amor à primeira vista por uma senhora idosa, com algumas varizes, gorda, seios caídos pelo tempo, vista cansada, menopausa e sobre tudo pobre?

Já viu uma moça jovem manifestar amor à primeira vista por um senhor idoso, óculos fundo de garrafa, cara enrugada, reumatismo, sem carro e pobre?

Como é que pode, então, alguém considerar esse tal “amor à primeira vista” como sentimento verdadeiro e honesto?

Lembro-me de um programa de esporte da televisão, que há alguns anos entrevistava uma loura muito bonita e de corpo esbelto que estava casada com um jogador de futebol de cor preta, mas que não era um negro bonito, como vários que existem por aí e, pelo contrário, era até feio (segundo os padrões estabelecidos), que foi jogador da seleção brasileira, jogou no exterior e ganhou muito dinheiro. Ela dizia que foi “amor à primeira vista”. De repente a idade do craque avançou, a fama acabou, os grandes contratos acabaram e o que ela fez? Arrumou logo um meio de se separar, junto à “justiça” conseguiu subtrair metade de tudo o que ele tinha e hoje ela, rica, (às custas dele) vive com um bonitão.

Uai, cadê o amor à primeira vista?

Mas o cuidado maior que recomendo aqui é para evitar a pessoa ciumenta, porque invariavelmente ela é possessiva, vai fazer de você objeto dela, vai chantagear e fazer da sua vida um verdadeiro inferno, já que assim tem sido em toda a história.

Deixe que os ciumentos namorem outros ciumentos iguais a eles, porque aí cada um vai ter o que merece, o pau vai quebrar e quem for podre que se quebre. Vai haver a prática do ensinamento do Cristo: “Faça ao seu próximo aquilo que você gostaria que ele fizesse contigo”.

E tem outra coisa:

No começo do namoro, quando se percebe que a praga é ciumenta, sempre aparece um “amigo” ou “amiga” pra lhe pedir calma, sob a alegação de que o ciúme vai passar com o tempo.

Não passa não. As pessoas ciumentas, por acharem que este maldito sentimento é coisa normal, não fazem o menor esforço em se livrar da doença, já que pelo fato de conhecerem outras criaturas tão doentes como elas, não manifestam o menor interesse em se livrar da praga. A tendência é piorar, sempre.

Ciúme gera agressões, violências, torturas e até assassinatos, como acabou de acontecer em Santo André, com aquele animal irracional que seqüestrou e assassinou a menina de 15 anos, e ainda há quem diga que foi um crime por amor.

Quem ama não mata, nunca!!!!!

É necessário que as pessoas despertem para uma nova consciência, que as máscaras sejam usadas apenas como adereços em bailes de carnaval, que esta realidade seja encarada com rigor, que tenhamos a coragem de nos proteger e dizer não a todos aqueles que queiram nos manter sob os seus controles remotos e nos conduzir conforme as suas conveniências.

Ninguém é obrigado a ser fantoche de ninguém, ainda mais sob justificativa de amor. Ninguém tem obrigação de aturar cenas de ciúmes de ninguém. Que mandem os possessivos ir cantar em outra freguesia.

E para aqueles que tentam argumentar que estamos faltando com a Caridade em relação a imperfeição dos outros, é importante relembramos que Jesus, quando recomendou:

“Ame ao seu próximo...” ele acrescentou o “... como a si mesmo”, dando-nos a entender que quem não é capaz de se amar, jamais terá condições de amar os outros e não pode querer que ninguém lhe ame verdadeiramente e com sinceridade.

Para a reflexão de todos.

Abração a todos.

Alamar Régis Carvalho
Analista de Sistemas e Escritor
alamar@redevisao.net --- www.redelivros.net --- www.redevisao.net --- www.alamar.biz
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Cacique Seattle

"A terra não pertence ao homem; é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. O que fere a terra fere também os filhos da terra. Não foi o homem que teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará". Trecho da carta do Cacique Seattle ao Presidente dos EUA em 1855.

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